30 agosto 2010

Irã - Relatos de uma viagem desconhecida

Capitulo 1: Definindo o próximo destino



Por que Irã? Essa foi a pergunta que eu mais escutei nos últimos tempos. Dois meses atrás, eu e meu marido decidimos fazer uma viagem diferente. Destino escolhido (por ele): Irã. Amigos e familiares sempre me perguntavam: “Por que Irã?”. Como eu também não estava 100% convencida e ficava perguntando a mesma coisa, deixava para ele responder. Os argumentos são: 1º) ele vai dar uma aula sobre Empreendedorismo em Mercados Emergentes, e a única região que ele ainda não conhecia era o Oriente Médio; 2º) Temos um Mapa Mundi em casa com um stick nos países que já conhecemos e essa região estava muito vazia; 3º) Queríamos conhecer um país islâmico; 4º) Temos um pacto de fazermos viagens exóticas e relativamente “perigosas” antes de termos bebês; 5º) Gostamos de quebrar paradigmas e ficamos intrigados a conhecer o que tem a mais no Irã, além da bomba atômica e apedrejamento, únicas informações que chegam no Brasil e, finalmente 6º) Com ele, eu topo ir para qualquer lugar do mundo, até para o Irã.
Depois de convencida a fazer essa viagem, comecei a fazer uma imersão na cultura do país. Busquei informações em vários meios: internet, revistas (“Carta Capital” teve uma reportagem muito bacana e “Viagem e Turismo” também), TV (programa “Não conta lá em casa”), filmes (“Persépolis” e “Balão Branco”), livros (“O que eu não contei”, da Azar Nafisi – uma das escritoras mais famosas no Ira, “O Irã sob o Chador”, recém lançado, esse livro foi escrito por duas brasileiras jornalistas que viajaram sozinhas para o Ira e o nosso melhor companheiro de viagem, Lonely Planet), e também conversamos com alguns amigos iranianos que moram lá e aqui no Brasil. Fiquei impressionada com o número de informações interessantes que achamos.
Estando munida de tantas informações, comecei a me preparar psicologicamente para a viagem. Descobri um país com uma cultura muito diferente da nossa, principalmente em se tratando do papel da mulher na sociedade. Algumas coisas me deixaram realmente impressionadas no começo. A mulher não pode mostrar o corpo, nem vestir roupas que mostrem a silhueta. A roupa típica é o chador, uma capa preta longa com um lenço de freira na cabeça, também preto. Devem sempre cobrir os cabelos, braços e pernas. Homens e mulheres não podem andar de mãos dadas e a mulher jamais deve tocar um homem ou olhar nos olhos dele, caso contrário, ele achará que você está se insinuando. Existe uma policia, conhecida por sua violência, que fica vigiando as mulheres para garantir o paninho na cabeça e evitar contatos com o sexo oposto. Para dormir no mesmo quarto do hotel, o casal deve apresentar a certidão de casamento. E o pior de todos, num jantar com um casal iraniano, a mulher não deve falar, a não ser que ela seja considerada pelo iraniano um “meio homem”(sabe-se lá o que isso quer dizer!).
Você também deve estar se perguntando “Por que Irã, sua louca?” Na verdade, isso tudo que eu li me deixou bastante curiosa, e comecei a me empolgar. E para deixar a viagem um pouco mais emocionante, no dia seguinte que compramos a passagem aérea, descobrimos que era Ramadan, aquele mês de jejum e rezas intensas, onde os muçulmanos (isso inclui turistas não muçulmanos) não podem comer ou beber qualquer coisa do nascer do Sol até o por do Sol. 7º motivo) Emagrecer!
Tomamos alguns cuidados no planejamento da viagem como levar a certidão de casamento em inglês, reservar hotéis bons e com internet, fazer contatos com amigos iranianos, pesquisar as vestimentas das mulheres na hora de fazer a mala e o principal, levar uma camiseta da seleção brasileira de futebol. Essa é uma carta na manga que sempre usamos e não falha nunca!
Finalmente chegou a hora e de embarcar, e só nos restava torcer para dar tudo certo!

Livia Fukuda